Dangerous Life 3° - Capítulo 6 - Confusion

Saí do escritório com o Ryan tagarelando no meu ouvido. Chegamos à sala e meu pai já estava se livrando de algumas coisas.

- Já soube da novidade? – meu pai me perguntou.

- Sim, eu sei. – revirei os olhos.

- Você está péssimo. – disse me olhando de cima a baixo. – Vá tomar um banho e coloque uma roupa apresentável, Justin! – mandou.

Estava odiando receber ordens do Jeremy, mas era isso, ou além de ficar sem a Mellanie e o Jason, eu iria ficar sem meu Império. 

- Para receber aqueles merdas na minha casa? – perguntei debochado. – Estou bem assim.

- Bom dia, querido. – minha mãe disse aparecendo na sala.

- Só se for bom só para você, dona Patrícia. – resmunguei.

- Bro, eu vou fazer uma limpa no seu escritório com o Chaz. – Ryan disse.

- Ok. – respondi e o olhei. – Como ficaram sabendo que o FBI iriam visitar minha casa? 

- Esqueceu que temos pessoas infiltradas lá? Eles podem nos avisar os próximos passos dos agentes, mas não podem impedi-los. – Ryan respondeu.

Bufei.

- Vamos Justin, vá tomar um banho. – meu pai insistiu.

- Que saco! – disse bravo e caminhei em direção à escada. – E não toquem no meu carro.

- Que carro? – ouvi meu pai perguntar ao Ryan.

- O que a Mellanie deu. – ele respondeu.

Apressei meus passos na escada e logo estava no nosso quarto. Logo o perfume adocicado e ao mesmo tempo forte da Mellanie invadiu minhas narinas. Suspirei pesado e comecei a tirar a roupa, jogando no chão até chegar ao banheiro. Tanto faz onde eu as colocaria, a Mel não estaria aqui para brigar comigo e mandar coloca-las no cesto. Ela fica linda toda mandona. Entrei no box e coloquei o registro na água quente, só assim para relaxar meu corpo tenso e dolorido. Minha cabeça chegava a latejar, eu deveria já estar acostumado. Os últimos dias, a ressaca é a minha única companhia de todas as manhãs.

Demorei uns quinze minutos no banho pensando na minha vida. Enrolei uma toalha na cintura e outra esfreguei nos cabelos, afim de tirar o excesso de água dos cabelos. Caminhei até o espelho e analisei as bolsas de olheiras gritantes debaixo dos meus olhos e a barba por fazer. A Mel não gosta quando minha barba está crescendo, ela reclama que arranha. Ficaria feliz em ouvi-la pelo menos reclamando, mas nem comigo ela quer falar. Suspirei e fui tratar de tirar aqueles resíduos de pelo, em seguida escovei os dentes e saí do banheiro. Escolhi uma bermuda preta, uma blusa branca de mangas, calcei um vans e dei um jeito no meu cabelo. Que aliás, precisava ser cortado. 

Peguei a chave da minha Trevita, a que eu a chamo carinhosamente de Mel, estava guardada no closet. Saí do quarto e ainda estava uma movimentação de seguranças na casa, levando tudo o que poderia ser suspeito. 

- Vão chegar em menos de meia hora. – meu pai disse assim que cheguei à sala.

- Ryan já tirou tudo do escritório? – perguntei.

- Ele ainda está com o Chaz lá. – respondeu. – Jaxon teve um trabalho em encontrar as chaves dos carros da Mellanie e tirar daqui também.

- Para onde estão levando? – o olhei.

- Para o antigo galpão, não tem nada mesmo. – respondeu. – Assim que os agentes tirar o pé daqui, nos trazemos de volta. 

- Deixem alguns carros aqui. Eles sabem que eu tenho uma rede de boates espalhadas por Los Angeles e todas estão documentadas conforme a lei, irão desconfiar se eu não tiver nenhum automóvel de luxo na casa. 

- E o que a Mel te deu? – ele perguntou arqueando as sobrancelhas.

- Eu vou tirar daqui. Pode deixar minhas Ferrari preta fosca e a Lambo, e da Mellanie dois também.

- Você que sabe. – meu pai disse. – Seja rápido então.

Não disse nada e fui em direção a garagem. Até me assustei, minha coleção de carros fazia mesmo uma falta naquele espaço. Jaxon tinha acabado de chegar, pronto para levar outro carro, que a propósito era a BMW da Mel.

- Pode deixar esse. – respondi. – Ficarão quatro carros aqui.

- E a moto? – perguntou apontando.

Fazia um tempo que tinha comprado a moto, mas como uma grande parte dos meus carros, ela ficava mais como decoração na garagem.

- Pode levar. – respondi destravando a Trevita. – Cuidado moleque.

Ele assentiu, pegou o capacete e subiu na moto. Abri a porta do carro e entrei, sentei no banco acolchoado. Esse carro é realmente foda pra caralho. Seria a primeira vez que andaria nele pelas ruas, queria fazer isso quando a Mellanie estivesse aqui, porém, vai ser impossível agora. O liguei, manobrei e saí da garagem lentamente. O andar dele era tão macio que parecia nem tocar o chão. Os portões foram abertos para mim, passei e diferente das outras vezes, andei devagar pelas ruas. Era bom ver as pessoas paradas admirando meu automóvel. Elas pareciam não acreditar que era de verdade, nem eu mesmo acreditei quando Mel me deu, ela sempre me surpreendendo. 

Quando estava na estrada em direção ao antigo galpão, pisei fundo e pude sentir a potência do motor. Ele não rangia e nem nada, só atingia uma velocidade incrível. Se eu batesse em algo, não escaparia nem minha alma, de tão rápido que eu estava. Trevita é um carro maravilhoso, só três pessoas no mundo tem um, e eu sou uma delas. Em poucos minutos cheguei ao galpão, se na mansão estava movimentado, aqui estava muito mais. Uma grande quantidade de seguranças, aliás, meus pertences mais caros estavam aqui. Abriram o portão do galpão, passei e vi meus carros enfileirados. Estacionei e saí do carro.

- Senhor Bieber. – um segurança disse me cumprimentando.

- Quero o máximo de seguranças nesse galpão, pelas próximas horas. – disse o olhando.

- Sim, senhor. – ele respondeu retirando-se.

Os portões foram abertos de novo, Jaxon vinha chegando de moto. Ele estacionou e veio até a mim.

- Veio voando? – ele me perguntou organizando os cabelos.

- Finalmente um carro que chega perto disso. – disse e ele riu.

- Vai ficar por aqui? – perguntou caminhando até o seu carro.

- Não, tenho que voltar para a mansão. – revirei os olhos.

- Te dou uma carona. – ele disse e ri debochado.

- Fala sério, Jaxon. – tomei a chave da sua mão.

Ele revirou os olhos mas não disse nada. Entramos em seu carro e saímos, de volta para a mansão. 

- Já estão chegando. – Jeremy disse.

- Cadê o Christian? – perguntei.

- Desde de manhã que ele está rodando nas boates, depois que os agentes saírem daqui, eles podem muito bem querer dar uma passada nas boates. – Chaz respondeu.

- Que saco! – resmunguei e me joguei no sofá. – Esses idiotas não tinha outro dia para roubar minha paciência? Vontade de mandar todos tomar no cu. 

- Veja lá como você vai falar com os agentes, Justin. Qualquer coisinha, eles te enjaulam. – meu pai me alertou.

- Eu sei, eu sei. – revirei os olhos.

Ficamos esperando na sala, minutos depois a campainha foi tocada. Pensamos que já fossem os vermes, porém era Jazzy com a Stefane, as duas cheias de sacolas. 

- Já foram comprar uma hora dessas da manhã? – perguntei incrédulo.

- Toda hora é hora. – Jazzy deu de ombros.

- Não sabe de onde vem, né! – ironizei.

- Vão guardar essas compras, estamos esperando visitas. – meu pai disse.

Sem hesitar, as duas subiram as escadas. Cinco minutos depois, a campainha tocou de novo. Uma empregada passou para atender a porta, de longe avistei os imbecis. Me levantei com meu pai e caminhamos até a porta, tinha em média dez agentes.

- Bom dia! Justin Bieber? – um deles perguntou olhando um papel e depois para mim.

- Sou eu. – respondi seco.

- Recebemos uma denúncia de atividades suspeitas vindas da sua parte. Temos um mandato em mãos para revistar sua mansão, e concluir se isso é verdade ou não. – ele continuou mostrando o papel.

Meu pai pegou para analisa-los.

- Quem denunciou? – o perguntei.

- Nós que fazemos as perguntas aqui, Bieber. E além do mais, nós trabalhamos com o sigilo. – ele respondeu e revirei os olhos. – Podemos entrar?

- Claro. – disse debochado.

- Afinal, me chamo Robert. – ele disse entrando.

- Eu sou Jeremy Bieber, pai do Justin. – meu pai disse estendendo a mão para ele.

Vai ser puxa saco de agente agora. 

- Prazer! Temos autorização para revistar todos os cômodos da casa, precisamos que fiquem aqui na sala sob nossa observação enquanto olhamos tudo. – Robert disse.

Bufei e Jeremy me fuzilou com os olhos. Não dava para fingir que eu estava gostando desses vermes na minha mansão, mexendo nas minhas coisas. 

- Tudo bem. – meu pai respondeu.

Me joguei do lado dos garotos, que não tinham pronunciado nada desde a chegada dos agentes.

- Relaxa! Não tem nada suspeito. – Chaz disse. – Tirei tudo do notebook.

- Minhas armas? – sussurrei. 

- Tiramos tudo, fica de boa aí e deixa esses manés cansarem revistando tudo na casa. – 

Ryan disse e ri fraco.

- Algum problema? – o agente que ficou nos observando perguntou.

- Nenhum, porque eu teria? – perguntei debochado.

Ele apenas me olhou e ficou calado. Que vontade de afundar o rosto de cada um de um murro. 

- Quem são esses? – Jazmyn apareceu na sala com a Stefane.

- Agentes do FBI. – meu pai respondeu.

- Fui praticamente expulsa do meu quarto. Que grossos! – ela disse fazendo cara feia para o que estava nos observando.

- Fica quieta, Jazmyn. – meu pai disse.

Ela sentou-se emburrada perto do meu pai e Stefane sentou do lado do Jaxon.

- Vocês não querem comer nada? – minha mãe apareceu na sala e assustou-se com o ser parado feito estátua. – Bom dia!

- Bom dia, senhora! – ele a cumprimentou com um gesto de cabeça.

- Já estão aí? – ela perguntou e assentimos com a cabeça. – Hum... Então, a Rose fez um bolo delicioso de chocolate, ninguém vai querer?

- Eu quero. – Chris levantou-se animado.

- Rapaz, ninguém pode sair da sala até que termine a investigação. – o agente disse.

- Querido, só vamos até a cozinha. Se o problema é não sairmos de sua observação, nos acompanhe. – minha mãe respondeu.

- Preciso mesmo forrar a barriga. – Chaz passou a mão na mesma.

- Vamos! – minha mãe disse.

Todos foram levantando e continuei jogado no sofá. Estava preocupado demais com os agentes mexendo nas minhas coisas, para ir comer bolo de chocolate. Que aliás, nem de chocolate eu gosto. 

- Não vem, Justin? – minha mãe perguntou.

- Estou bem aqui. – respondi com desdém.

- Você não comeu nada desde que acordou. – ela disse.

- Não preciso que finja preocupação comigo, eu estou bem. – disse.

- Deixa de ser grosso, menino. – resmungou e dei de ombros.

Pattie foi para a cozinha e pude ficar sozinho com meus pensamentos. De vez em quando, o agente dava uma volta na sala para ver se eu continuava lá. 

- Senhor, Justin? – ouvi a voz de Rose me chamando, a olhei e ela estava com um copo de suco de laranja em uma bandeja. – Trouxe para você. Mellanie sempre diz que é o seu preferido.

Sorri fraco. Mellanie se preocupava até com isso.

- É. – murmurei. – Valeu Rose, mas não to afim. 

- Tem certeza? Eu acabei de fazer, está fresquinho... – ela insistiu e ficou parada me olhando.

- Tudo bem, Rose, tudo bem. – respondi me dando por vencido, ela sorriu e me entregou o copo. – Pode trazer algum comprimido para dor de cabeça? 

- Sim, senhor. – ela respondeu e deu as costas.

- Rose? – a chamei de novo e ela parou, virando-se. – Você tem falado com a Mellanie? 

- Não, depois que ela foi para o Brasil, não tive nenhum contato com ela. – ela respondeu e assenti com a cabeça.

Rose voltou para a cozinha. Essa falta de informações sobre a Mellanie estava me deixando doido. Aposto que ela sempre liga para as garotas, Caitlin e Lilly. Não vou atrás da Lilly, é capaz de eu enchê-la de porrada pelas coisas que ela enfiou na cabeça da Mel. Quando esses idiotas saírem daqui, a Caitlin vai ter que me contar alguma coisa. Rodriguez estava de olho no Hugh, mas não é nada comparado ao que a Mel deve contar para as garotas. Rose voltou com o comprimido, coloquei na boca e tomei uma boa golada de suco. Depois de tomar o suco, me senti um pouco enjoado, pelo meu estômago não ter nada, além de álcool de ontem. 

Quase uma hora depois, eles continuavam na minha casa. Devem estarem olhando até atrás dos quadros para ver se tem alguma coisa. 

- Belos carros, Bieber. – Robert apareceu com os outros agentes, na sala.

- Obrigado. – respondi.

- São todos seus? – perguntou.

- Dois são da minha mulher. – disse me levantando e o olhando, a altura.

- Onde ela está? – continuou com as perguntas.

- Acho que isso não é do seu interesse. – respondi e meu pai pigarreou atrás de mim.

- Ela está viajando. – Jeremy respondeu.

- Suas boates estão dando lucro mesmo. Os carros são caros, uma boa mansão, muitos cômodos, academia, sala de cinema, quadra esportiva, uma grande estacionamento onde caberiam vários carros, um grande jardim... – ele disse debochado.

- Quanto ao estacionamento, pretendo enchê-lo, talvez isso demore. – disse irônico.

- Do jeito que está ganhando dinheiro, não vai demorar. – ele disse em ironia também. 

Se eu pudesse, já tinha socado essa cara de pau. Na verdade eu posso, só não devo. 

- Espero. Terminaram? Não gosto que fiquem vagando pela minha casa e nem um par de olhos analisando tudo o que eu faço. – perguntei rude.

- Sim, claro. Por aqui terminamos, agora iremos olhar cada boate sua. – ele disse e sorriu.

Deve estar achando que vão me ferrar, dessa vez não. 

- A vontade, se quiserem, posso indicar minha melhor boate. À noite temos um show maravilhoso. – disse sorrindo e ele fechou a cara.

- Não precisa, Bieber. – Robert disse. – Aparentemente está tudo certo por aqui.

- Vocês precisam arranjar pessoas mais confiáveis nessas denúncias. Deve ser muito chato ir revistar as casas alheias e não encontrar nada. – entortei os lábios fingindo decepção.

- Não se preocupe, é nosso trabalho. Podemos ir agora. 

- Os acompanho até a porta. – Jeremy disse.

- Foi um prazer, família Bieber. – Robert disse e acenou com a cabeça.

- Não posso dizer o mesmo. – disse e Jeremy me olhou.

Meu pai os conduziu até a porta, dei risada com os garotos.

- Você é bem atrevido, em. – Chaz disse.

- Sempre que posso. – respondi. – Quero meus carros, minhas armas, tudo, o mais rápido possível na minha casa. – disse me levantando.

- Espera eles dobrarem pelo menos a esquina. – Ryan disse.

- Está tudo ok nas boates? – perguntei olhando para o Chris.

- Sim, não tem nenhuma puta. – ele respondeu.

- E para onde elas foram? – o perguntei.

- As coloquei em uma espelunca, depois as levo de volta. – ele disse e assenti com a cabeça.

- Não vão trabalhar hoje? – meu pai perguntou me olhando.

- Vamos. – revirei os olhos. – Aliás, tenho uma reunião online com os italianos. – bufei ao lembrar.

- Ótimo, caiam fora daqui. – Jeremy disse mandão.

- Tio, te conheci mais legal. – Chris levantou-se reclamando.

- Alguém tem que dar banho nos cachorros do Jason. – disse.

- Jazmyn e Jaxon vão fazer isso. – minha mãe disse. – E nada daqueles pulguentos andando na casa.

- Porque nós? – Jaxon perguntou indignado.

- Porque vocês não fazem nada o dia todo. – respondi.

- Que saco! – Jazmyn reclamou. – Eu fiz minhas unhas hoje.

- Problema seu. – dei de ombros.

Já que a Mellanie não estava aqui para eu irritar, iria pelo menos me divertir com a Jazzy. 

(...)

Os agentes otários, não acharam nada nas minhas boates. É bom trabalhar com gente que sabem o que estão fazendo. Depois tivemos que ter todo o trabalho de voltar tudo para a minha mansão, em seguida, ainda tive que ter uma reunião com aqueles italianos idiotas. Eles me odeiam e eu também. 

Mellanie’s POV

Acordei cedo para ir com o Hugh até o IML que fica no Centro, um pouco afastado de onde estávamos. E com esse trânsito chato tem que sair cedo mesmo. 

- Já tem em mente o que vamos perguntar? – Hugh perguntou enquanto eu estava concentrada na estrada.

- Vou dizer a verdade, que sou filha e quero saber se o corpo da minha mãe esteve lá ou não. – respondi.

- Eles vão ter um pouco de trabalho para procurar, muitos corpos passaram desde 2011. – 

Hugh respondeu.

- Hoje eu não estou com pressa. – respondi e ele riu.

- Tudo bem. – ele disse

Fomos em silêncio até chegarmos ao IML, meus pensamentos estavam a mil. 

- Está nervosa? – Hugh me perguntou assim que estacionei em frente.

- Um pouco. – confessei.

- Relaxa! Vamos lá. – ele disse e assenti com a cabeça.

Saímos do carro, acionei o alarme e caminhamos em passos lentos até o a recepção do grande prédio. O cheiro do ambiente já não me agradava. 

- Bom dia! No que posso ajudá-los? – a recepcionista simpática perguntou.

Hugh, obviamente ficou sem entender do meu lado.

- Bom dia. Eu gostaria de saber algumas coisas. – disse.

- Sobre o que seria? Veio reconhecer algum corpo? – perguntou já com um olhar piedoso.

Deve ser bem triste mesmo lidar com pessoas que perderam seus entes queridos.

- Não, é que há alguns anos atrás, minha mãe morreu e eu queria saber se a trouxeram para cá. – respondi.

- E porque quer saber depois de anos? – perguntou curiosa.

- Depois do acidente, eu viajei para fora do país. É muito triste perder uma mãe. – disse melancólica. – Meu padrasto disse que tinha deixado um pertence da minha mãe aqui, um colar. E que vocês poderiam ter guardado, então vim ver se ainda está aqui. Sabe, é um colar que passou de gerações e minha mãe ficaria feliz se eu ficasse com ele. – limpei uma falsa lágrima que caiu.

- Eu sinto muito, na verdade, todos os dias eu sinto muito pelas pessoas. – ela disse triste. 

– Certo, pode me dizer o nome da sua mãe? – perguntou e sorri.

- Madison Fox, ela morreu em 2011. – disse me apoiando no balcão.

- Ok. – ela disse digitando algumas coisas. – É seu marido? Ele é calado sempre? – apontou para Hugh.

- Ele nem entende o que estamos falando, é russo e é meu amigo.

- Ah. – ela disse sem graça. - Qual foi o horário que ela deu entrada aqui?

- Deve ter sido antes da meia noite. Não lembro o dia. – disse.

- Vamos ver se achamos alguma coisa. – ela disse concentrada na tela.

Esperei alguns minutos em pé com o Hugh, pra ser exata, dez minutos.

- Bom senhorita, não temos nenhum registro com esse nome aqui. – ela disse me olhando e arqueei as sobrancelhas confusa.

- Você tem certeza? – perguntei. – Viu na sessão de corpos carbonizados?

- Procurei em tudo. Não temos nada sobre esse nome. Você tem certeza que o corpo foi trago para cá? 

- Meu padrasto dizia que sim. – sorri fraco. – Acho que ele se confundiu com a unidade. 

- Deve ter sido, porque aqui não tem. 

- Ok, tudo bem! Obrigada. – disse.

- Por nada, espero que encontre o colar da sua mãe. 

Sorri fraco e sai puxando o Hugh. 

- Então? – ele perguntou me olhando.

- O corpo da minha mãe nunca esteve no IML. – respondi confusa.

- Estou com muitas suspeitas sobre isso, Mellanie. – Hugh me disse.

- Eu estou muito confusa. Tive que inventar uma historinha de colar e não deu em nada. – 

disse e ele riu fraco.

- Você tem certeza que a sua mãe morreu? – ele perguntou e parei o olhando.

- Eu estive no velório dela, Hugh. – disse desacreditada.

- Mellanie, nós vamos desenterrar o caixão da sua mãe. – Hugh disse por fim.

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